capetalismo

Fazer ou não fazer algo porque não dá dinheiro é um pensamento "inocente" e vai contra tudo em que acredito, em tudo que aprendi. É extremamente injusto e antinatural existirem pessoas muito ricas e outras muito pobres - e eu não quero ser nenhuma delas.

Eu acredito na escola (ensino) humanitária/pública, pois foi onde estudei a maior parte da minha vida, onde tive repertório para ser quem eu sou. Não é sobre saber matemática, física, química, astronomia, calculos, teses, regras, destinado a passar em um vestibular e ser rico. O ensino primário público foi sucateado - o próximo passo é o ensino superior. Quem vai reerguer um e perseverar no outro? Os ricos? Já é difícil pobre estudar, entrar na universidade pública, porque pobre trabalha para estudar - salvo aqueles que tem alguém para sustentar nessa etapa da vida.

Eu não queria fazer algo para ser rica, porque se isso acontecesse "facilmente" significaria que eu estaria apenas corroborando com o sistema (trabalhinho no escritório segunda a sexta), e isso vai contra tudo que acredito. Seria muito cômodo. Não consigo viver assim, eu espero. Não adiante só estudar, só ouvir, só falar, tem que fazer.

É completamente injusto nascer e ser determinado a uma vida com um tipo de perspectiva que alguém te impôs. Por isso eu não quero jogar fora tudo que aprendi e ser rica, só por ser. Aqui, por rico, refere-se ao cúmulo da futilidade referente a todos os campos da vida. Para mim, ser rica é ser fútil, ser muito rica, por sua vez, seria o auge da coisisse. O dinheiro é um artifício dessa materialidade extremista, definidor do nosso modo de vida nesse sistema capitalista.

E o que a urbanização de João Pessoa tem a ver com isso? Especificamente, o que o centro histórico de João Pessoa tem a ver com isso? Para sair um pouco só do discurso maçante.

A concentração de renda moveu de lugar na cidade junto a sua expansão. O estilo de vida litorâneo, beira mar, supervalorizou-se, enquanto a cidade à margem do rio foi marginalizada. De coração da cidade, de morada, de comércio, o centro histórico tornou-se um local de atividade diurna, que afasta as pessoas à noite por conta da insegurança. Várias são as casas abandonadas, alvo de briga de herdeiros ou tombadas, que poderiam ser habitadas, ter atividade noturna, ter vida. Mas o que acontece, e é completamente justificável, é a apropriação desses locais pela população que não tem onde morar ou se recusa a ser afastada da cidade, pelos elefantes brancos chamados de condomínios habitacionais populares.

Mas, enquanto escrevo, na minha ignorância, fico com uma dúvida. Se houver um eficiente processo de revitalização do centro histórico, para onde vão os moradores de rua? Serão, enfim, afastados? Como ajudar a cidade sem prejudicar seus habitantes?

E voltamos ao problema da concentração de renda. Enquanto isso existir, não há arquitetura que resolva problema habitacional. São estúpidos os esforços.

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