Nossas Imagens - Vilém Flusser

Nossas Imagens

Talvez por ter recebido uma educação na qual o termo "Pré-História" poderia ser errôneo, pois o fator "surgimento da escrita" não seria o divisor de águas, me estranha ver o posicionamento de que a história não existia antes da escrita.  Explicando melhor, ou indagando, a história é uma ciência exata? Linear? Antes da escrita os povos não faziam história e sim as coisas apenas aconteciam? Os Incas, por exemplo, não possuíam um sistema de escrita formal, pictográfico (na época), mas foram uma das maiores civilizações da América, com sistemas bem desenvolvidos de infraestrutura, atuação na matemática, astronomia etc. Mas, parando para pensar melhor, se eles possuíssem um sistema de escrita linear eles teriam se desenvolvido melhor? (ou eles superaram esse fator e apenas não acharam necessário ter?)

Parando por aqui com esse meu questionamento (provavelmente nem aceito no meio acadêmico) e aceitando as condições da História, no texto de Flusser "Nossas Imagens" o posicionamento do autor fica mais claro do que no vídeo. As imagens não são vilãs e os textos bonzinhos, mas as suas funções predominantes variam de acordo com o período histórico. Os textos, por se tratarem de uma escrita linear, têm caráter mais verossímil com a realidade, pois são contato direto entre o ser humano e as imagens. Nesse contexto, ele surge para conter a pura imaginação trazida pelas imagens - enquanto a primeira é devir, um conceito de Heráclito aplicado no sentido dos textos permitirem a sucessão de eventos, a segunda é puro acontecimento. No entanto, com o passar dos anos essa dualidade parou mais de existir, e os textos passaram a ser mais soberanos sob si mesmos, podendo também afastar-se da realidade, invertendo assim o papel texto em função do homem para homem em função do texto. Nesse cenário surge a fotografia, que vem para decifrar os textos, torná-los mais acessíveis. Acontece que a foto/a imagem, cresceu exponencialmente, pois são produzidas por máquinas em constante avanço tecnológico. Daí o autor vem com o termo: tecnoimagem. 

É certo que nosso estilo de vida tem se tornado cada vez mais acelerado, e essa nova forma de comunicação da tecnoimagem criou um ambiente favorável para isso. Mas, se ela é uma invenção humana, como pode ser apenas um "cuspe" da realidade e não uma manifestação de quem a produziu? As câmeras fotográficas não são instrumentos assim como os quadros? Porém, é obvio que é bem mais fácil das tecnoimagens agirem por "vontade própria" e acabamos vivendo em função delas (filmes, redes sociais). Parece que ela se torna uma comunicação rasa, e a escrita linear também vem aderindo a essa tendência.

Tudo muda. O que eu imagino como contrarrevolução seria uma comunicação de qualidade, desacelerada (no sentindo de mais atenciosa) com duas vias: humana e textual. ~Extinção do sensacionalismo, principalmente o legalizado desses "jornais".

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